Anemia Ferropriva

10 de Agosto de 2015

Anemia Ferropriva

Anemia ferropriva é o tipo de anemia decorrente da deficiência de ferro dentro do organismo levando à uma diminuição da produção, tamanho e teor de hemoglobina dos glóbulos vermelhos, hemácias.

O ferro é essencial para a produção dos glóbulos vermelhos e seus níveis baixos no sangue comprometem toda cascata de produção das hemácias. Dentro dos glóbulos vermelhos existe uma proteína chamada hemoglobina que tem na sua estrutura bioquímica a presença de moléculas de ferro e de cobalto (o cobalto está presente na vitamina B12). A hemoglobina é a responsável pelo transporte do oxigênio que respiramos até todas as células do corpo humano. Na diminuição desta (hemoglobina) o transporte de oxigênio fica comprometido e várias consequências danosas serão desencadeadas. Estima-se que 90% das anemias sejam causadas por deficiência de ferro.

O principal local de absorção do ferro é no duodeno e jejuno. Depois de absorvido, o ferro se liga à transferrina (proteína que transporta o ferro). Esse ferro é levado à medula óssea, onde precursores eritróides captam o ferro para formar a hemoglobina.

Existem diversas causas para a anemia ferropriva, são elas:

Falta de ferro na alimentação: Continua sendo ainda a causa mais frequente de anemia ferropriva no mundo, principalmente em crianças abaixo de 2 anos e mulheres gestantes.

Diminuição da absorção do ferro pela mucosa intestinal: Várias condições clínicas podem afetar a absorção de ferro na mucosa intestinal. São elas:

Cirurgias que retiram partes do estômago e/ou intestino que afetam a absorção do ferro como gastrectomias por úlceras no estômago e cirurgia bariátrica que retira parte do estômago e do intestino para redução do peso Parasitoses (verminoses) intestinais como ancilostomíase, causada pelo parasita Ancylostoma duodenales, que “roubam” o ferro dos alimentos antes destes ser absorvido pelo intestino Trânsito intestinal acelerado, como nos casos de diarréias frequentes dificultando a absorção do ferro durante sua passagem pelo tubo digestivo que é o local de absorção deste. Doença Celíaca (enteropatia pelo glúten) que leva à diminuição da absorção do ferro causada pela inflamação crônica da mucosa intestinal e diarreias frequentes.

Perda de sangue recorrente causada por:

Fluxo sanguíneo menstrual de grande volume e por muitos dias, condição chamada de hipermenorréia pelos ginecologistas. Também podem ser a causa de sangramentos vaginais excessivos os miomas uterinos Sangramentos crônicos do tubo digestivo causado por úlceras gástricas ou duodenais, câncer gastrointestinal, hemorroidas, divertículos, doenças inflamatórias intestinais em fase aguda como doença de crohn e retocolite ulcerativa varizes esofágicas e parasitoses intestinais Sangramentos constantes pelo nariz (epistaxe) ou pela urina (hematúria e hemossidenúria ) Doenças descamativas da pele que cursam com descamação cutânea excessiva. O fator de risco mais importante para a anemia ferropriva é a dieta deficiente em ferro. Crianças e adolescentes, gestantes e idosos são os públicos mais vulneráveis. Pacientes submetidos à cirurgia bariátrica para redução do peso também correm maior risco de deficiência de ferro. Pessoas que dependem de terceiros para se alimentarem como idosos em asilos ou incapacitados fisicamente também podem ter anemia ferropriva. Pacientes com hipotireoidismo podem desencadear anemia como manifestação secundária. Vegetarianos mal orientados são também grupo de risco.

Sintomas:

Fadiga crônica e desânimo Cansaço aos esforços Pele e mucosas pálidas (descoradas) Tonturas e sensação de desmaio Dores de cabeça e dores nas pernas Geofagia ( vontade incontrolável de comer terra ) Queda de cabelo e unhas fracas e quebradiças Falta de apetite Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos ) Dificuldade de concentração e lapsos de memória Diminuição do desejo sexual.

Com um simples exame de sangue já é possível confirmar se o paciente está anêmico e se é a carência do ferro a causa. Os exames mais apropriados são:

Hemograma (série vermelha): detecta se a taxa de hemoglobina está baixa e se o formato dos glóbulos vermelhos está alterado. Glóbulos vermelhos muito pequenos (microcitose) e de coloração mais descorada (hipocromia) são dados que confirmam ser a deficiência de ferro a principal causa Ferritina: avalia as reservas de ferro dentro do organismo, que geralmente estão baixas na anemia ferropriva Outros parâmetros como dosagem de ferro e capacidade total de ligação do ferro podem se alterar em outras condições clínicas e não apenas na anemia ferropriva, devendo ser avaliados com cautela para não haver confusão no diagnóstico.

Estes parâmetros acima citados, quando alterados, muitas vezes exigem exames complementares à fim de procurar causas para a carência de ferro. Uma boa anamnese alimentar (entrevista sobre os hábitos alimentares do paciente) pode confirmar uma alimentação pobre em ferro. Quando não parece ser a falta de ferro na alimentação causas secundárias devem ser investigadas exigindo exames como:

Endoscopia Digesta Alta Colonoscopia Exame Parasitológico de Fezes Esfregaço da Medula Óssea Urina Tipo 1 Pesquisa de sangue oculto nas fezes.

Orientação Nutricional:

Os alimentos mais ricos em ferro são:

Carne vermelha Gema de ovo Melaço da cana Folhas verde escuras (rúcula, agrião, couve, espinafre, etc) Leguminosas como feijão, ervilha, grão-de-bico, soja, lentilhas Fígado, miúdos de peru e frango.

Como o ferro de origem vegetal tem uma baixa absorção intestinal recomenda-se acrescentar na mesma refeição alimentos fontes de vitamina C como frutas cítricas (laranja, limão, abacaxi, acerola), pois esta vitamina aumenta a absorção do ferro vegetal na mucosa intestinal. De maneira contrária o cálcio pode diminuir a absorção de ferro de origem animal e alimentos como leite e derivados (queijos, iogurtes) não devem estar na mesma refeição contendo carne vermelha, principalmente quem está tratando de anemia ou corre maior risco de tê-la como as situações citadas nos grupos de risco.

Acrescentar também alimentos enriquecidos com ferro como farinha de trigo e milho são estratégias interessantes para a prevenção da anemia ferropriva. Gestantes devem tomar suplemento de ferro prescritos pelo obstetra para não desencadear esta anemia.

Por: Anna Carolina Accioly - Nutricionista

0 Comentário


Postar um comentário