Acido Úrico X Hiperuricemia

03 de Agosto de 2015

Acido Úrico e as consequências da Hiperuricemia

O ácido úrico está entre as substâncias naturalmente produzidas pelo organismo. Ele surge como resultado da quebra das moléculas de purina – proteína contida em muitos alimentos – por ação de uma enzima chamada xantina oxidase. Depois de utilizadas, as purinas são degradadas e transformadas em ácido úrico. Parte dele permanece no sangue e o restante é eliminado pelos rins.

Os níveis de ácido úrico no sangue podem subir: 

1) porque sua produção aumentou muito;

2) porque a pessoa está eliminando pouco pela urina; 

3) por interferência do uso de certos medicamentos.

Qualquer que seja o mecanismo envolvido citado acima, a consequência final será o acúmulo excessivo de ácido úrico em nosso organismo, principalmente nas articulações (Chamamos esta situação de gota, mais frequente em homens do que em mulheres) e no próprio rim, aumentando também a chance de formar cálculos nos rins, quadro bastante desconfortável e aumentando a chance de alterar o bom funcionamento deste importante órgão. 

Estudos recentes realizados no Instituto do Coração de São Paulo mostram que níveis elevados de ácido úrico no sangue aumentam o risco de desenvolver acidentes cardiovasculares.

Agora que ficou mais claro o porquê do ácido úrico se elevar dentro do corpo veja como deve ser feita sua correção. A princípio, exames laboratoriais específicos devem ser solicitados pelo médico para diagnosticar corretamente esta condição clínica e, inclusive, diferenciar se o paciente faz parte do grupo dos hiperprodutores ou do grupo dos hipoexcretores, já que para cada caso existem medicamentos adequados para ajudar a controlar o excesso do ácido úrico no sangue. 

Sabe-se também que vários fatores paralelos podem contribuir e muito para a elevação do ácido úrico, como obesidade, hipertensão arterial, síndrome metabólica, consumo excessivo de álcool, doenças renais crônicas e uso de diuréticos, tiazídicos, e salicilatos em baixas doses. Todos estes fatores contribuintes devem ser corrigidos com os tratamentos. 

Valor de referência de ácido úrico no sangue:

• Mulher: 2,4 - 6,0 mg/dL

• Homem: 3,4 - 7,0 mg/dL

Valor de referência de ácido úrico na urina:

• Homem e mulher: 0,24 - 0,75 g/dia.

O mais comum é que os valores do paciente estejam acima dos valores de referência e, por isso, deve-se iniciar o tratamento para ácido úrico alto. Mais raro, é o surgimento de ácido úrico baixo pois está relacionado com problemas congênitos, como Doença de Wilson.

Portadores desse distúrbio metabólico devem evitar o estresse físico, o uso de diuréticos e de anti-inflamatórios, assim como devem evitar a ingestão excessiva de alimentos e bebidas ricos em purina (carne vermelha, frutos do mar, peixes, como sardinha e salmão, e miúdos).

Como leite e derivados parecem melhorar a eliminação do ácido úrico, devem ser incluídos na dieta que, acima de tudo, precisa ser saudável e favorecer o controle da obesidade e da hipertensão.

Além da alimentação pouco calórica, quando necessário, podem ser indicados medicamentos para inibir a produção de ácido úrico (alopurinol) ou para aumentar sua excreção (probenecide e sulfinpirazona). Algumas pessoas precisam dos dois tipos porque têm excesso de produção e dificuldade de excreção dessa substância.

O cuidado na alimentação das pessoas com hiperuricemia deve ser uma prioridade, já que vários alimentos são fontes de purinas que entram na formação do ácido úrico. Os mais contraindicados são: 

• Condimentos como caldos de galinha ou carne

• Vísceras como: coração de galinha, rim, fígado, moelas, miolo.

• Alimentos embutidos: salsicha, presunto, mortadela, linguiça.

• Ovas de peixe e molhos à base de carne.

• Peixes: sardinha, anchova, cavala, arenque, manjuba.

• Mexilhão - Bebidas alcoólicas: principalmente a cerveja.

Alguns alimentos devem ter seu consumo diminuídos, mas não necessariamente eliminados, como: carnes, peixes, aves, mariscos. 

Embora alguns alimentos fontes de proteínas vegetais sempre foram excluídos do cardápio das pessoas com excesso de ácido úrico, estudos recentes concluíram que não são desencadeadores do quadro de Gota, sendo eles: espinafre, couve-flor, cogumelos comestíveis, lentilha, feijões e ervilhas. Ou seja, não precisa eliminá-los do cardápio, mas seu exagero não é prudente. 

Outros vilões na alimentação também parecem contribuir para o risco do desenvolvimento da Gota, segundo estudos atuais: a frutose, utilizada pela indústria alimentícia nas bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos artificiais. A gordura saturada em excesso (banha de porco, cortes gordurosos de carne vermelha e de porco, manteiga, bacon, queijos amarelos) e o exagero nos carboidratos refinados (açúcar, pão branco, bolos, bolachas, massas, arroz branco, etc) parecem contribuir para o risco da gota. 

Existem alimentos e nutrientes que parecem conferir uma certa proteção contra o desencadeamento da gota e deveriam fazer parte da estratégia alimentar dos pacientes com maior risco: como por exemplo alimentos com efeito alcalinizante como:

• Sementes de abóbora;

• Salsa, coentros, alho;

• Cebola, cenoura, alface, pepino, nabo, couve, beterraba, tomate;

• Abacate, laranja azeda e limão.

Outros alimentos permitidos são aqueles que não aumentam a acidez do sangue como cereais integrais, frutas e verduras em geral.

Como resumo vale ressaltar que os cuidados na alimentação são cruciais para a prevenção ou para o melhor controle da gota, doença ainda muito incidente em nosso meio e bastante debilitante. 

Qualquer dieta específica para reduzir o ácido úrico deve ser estipulada e acompanhada por um profissional qualificado como o nutricionista.

 

Por: Anna Carolina Accioly - Nutricionista

 

Fotos de Pacientes com Gota - Na mão e no Pé

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