Doença do Refluxo Gastroesofágico - DRGE

27 de Julho de 2015

Doença do Refluxo Gastroesofágico - DRGE

Trata-se de um dos problemas mais comuns relacionados ao aparelho digestivo. Estima-se que cerca de 45% da população ocidental relate a ocorrência de um episódio de refluxo por mês e que 5 a 10% destes indivíduos façam referência diária ao sintoma. O refluxo é mais comum em idosos e em gestantes. 

A doença do refluxo gastroesofágico ou DRGE ocorre quando o esfíncter inferior do esôfago (EIE) não se fecha apropriadamente e o conteúdo do estômago extravasa de volta para o esôfago. O EIE é um anel de músculo na parte inferior do esôfago que age como uma válvula entre o esôfago e o estômago. 

Quando o ácido refluído do estômago toca a parede do esôfago, ele causa uma sensação de queimação no tórax ou garganta denominada pirose (azia). O gosto do líquido pode até ser sentido na parte de trás da boca e é chamado de indigestão ácida. A azia que ocorre mais que duas vezes numa semana pode ser considerada DRGE e ela pode, eventualmente, conduzir a problemas mais sérios de saúde. 

Qualquer um, incluindo bebês, crianças e mulheres grávidas, podem ter DRGE. 

Os principais sintomas de DRGE são azia persistente e regurgitação de ácido. Algumas pessoas têm DRGE sem azia. Ao invés, elas apresentam dor no tórax, rouquidão pela manhã ou dificuldades para engolir. 
Convém mencionar, no entanto, que existe marcada correlação entre o tempo de duração dos sintomas e aumento do risco para o desenvolvimento do esôfago de Barrett e adenocarcinoma do esôfago. Os pacientes que apresentam manifestações de alarme são passíveis de uma conduta diagnóstica inicial mais agressiva. São consideradas manifestações de alarme: disfagia, odinofagia, anemia, hemorragia digestiva e emagrecimento, história familiar de câncer, náuseas e vômitos, além de sintomas de grande intensidade e/ou de ocorrência noturna. É preciso lembrar que a ausência de sintomas típicos não exclui o diagnóstico da DRGE, uma vez que outras manifestações relacionadas com o refluxo gastroesofágico têm sido descritas e consideradas como manifestações atípicas

Muitas vezes também são solicitados exames para se avaliar o grau de agressividade da doença

Esofagograma com bário ou Seriografia Esôfago-Estômago-Duodeno: este é um teste em que você recebe um líquido branco para tomar (o contraste) enquanto são realizadas radiografias para delinear a anatomia do trato digestivo superior.

Endoscopia: o exame compreende a inserção de um tubo flexível com iluminação e uma microcâmara na ponta, o qual é introduzido pela boca em direção ao estômago. Assim pode-se ver diretamente eventuais lesões (por exemplo a inflamação do esôfago decorrente do refluxo - a "esofagite").

Manometria e pHmetria esofágicas: estes exames envolvem a inserção de um pequeno tubo flexível através do nariz em direção ao esôfago e estômago, com o objetivo de medir as pressões e a função do esôfago. Com o exame, o grau do refluxo de ácido pode ser medido. É indicado em alguns casos, como por exemplo naqueles com má resposta ao tratamento, no caso de manifestações atípicas da DRGE e na avaliação pré-operatória.

Ninguém sabe porque as pessoas têm DRGE. Uma hérnia de hiato pode contribuir. A hérnia de hiato ocorre quando a parte alta do estômago está acima do diafragma, a parede muscular que separa o estômago do tórax. O diafragma ajuda o EIE a manter o ácido no estômago, impedindo que suba para o esôfago. Quando uma hérnia de hiato está presente, é mais fácil do ácido subir. Desta maneira, uma hérnia de hiato pode causar refluxo. A hérnia de hiato pode ocorrer em pessoas de qualquer idade; muitas pessoas sadias acima de 50 anos têm uma pequena. 

Outros fatores como ingestão de bebidas alcoólicas, sobrepeso, gravidez e fumo contribuem para DRGE.

Tratamento Clinico:

Elevação da cabeceira da cama (15 cm)

·     Moderar a ingestão dos seguintes alimentos, na dependência da correlação com sintomas: gordurosos, cítricos, café, bebidas alcoólicas, bebidas gasosas, menta, hortelã, produtos à base de tomate, chocolate

·      Cuidados especiais com medicamentos potencialmente “de risco”, como colinérgicos, teofilina, bloqueadores de canal de cálcio, alendronato

·      Evitar deitar-se nas duas horas posteriores às refeições

·      Suspensão do fumo

·      Redução do peso corporal em obesos

Medicamentos

     Seu médico pode recomendar o uso de antiácidos quando necessário, que você pode comprar sem uma receita, ou medicamentos que interrompem a produção de ácido ou ajudam os músculos que esvaziam seu estômago. Antiácidos são geralmente as primeiras drogas recomendadas para aliviar a azia e outros sintomas leves da DRGE. Muitas marcas no mercado usam combinações diferentes de três sais básicos - com íons de hidróxido ou bicarbonato para neutralizar o ácido no seu estômago. Os antiácidos, entretanto, tem efeitos colaterais. Os sais de magnésio podem ocasionar diarréia e os sais de alumínio constipação. Os sais de magnésio e alumínio são freqüentemente combinados num único produto para balancear estes efeitos. Os antiácidos de carbonato de cálcio podem ser uma fonte suplementar de cálcio. 


- Bloqueadores-H2, tais como a cimetidina (Tagamet), famotidina (famoset, famox), nizatidina (Axid) e ranitidine (Antak), impedem a produção de ácido. Estas drogas dão um alívio temporário. Não devem ser ingeridas sem receita médica por mais que umas poucas semanas de tempo. Elas são eficientes em metade daquelas que têm sintomas de DRGE. Muitas pessoas se beneficiam ao tomar bloqueadores-H2 ao se deitar em associação com um inibidor da bomba de prótons. 
Inibidores da bomba de prótons incluem o omeprazol (Losec), pantoprazol (Pantozol), lansoprazol (Prazol), rabeprazol (Pariet) e esomeprazol (Nexium), os quais são disponíveis mediante receita médica. Os inibidores da bomba de prótons são mais eficientes que os bloqueadores H2 e podem, aliviar os sintomas.

Um outro grupo de drogas, os procinéticos, ajuda a fortalecer o esfíncter e faz o estômago esvaziar mais fácil. Este grupo inclui o betanecol, metoclopramida (Plasil), bromoprida (Plamet) e domperidona (Motilium). A metoclopramida também melhora a ação muscular no trato digestivo, mas estas drogas tem efeitos colaterais freqüentes. 

Uma vez que as drogas agem por diferentes caminhos, a combinação de drogas pode ajudar a controlar os sintomas. As pessoas que têm azia depois de comer podem tomar antiácidos e bloqueadores-H2. Os antiácidos agem primeiro para neutralizar o ácido no estômago, enquanto que os bloqueadores-H2 agem na produção de ácido. Quando termina a ação dos antiácidos, os bloqueadores-H2 interromperão a produção de ácido. Seu médico é a melhor fonte de informação de como utilizar os medicamentos para DRGE. 

Tratamento Cirúrgico

Pacientes que não respondem satisfatoriamente ao tratamento clínico, inclusive aqueles com manifestações atípicas cujo refluxo foi devidamente comprovado.

- Fundoplicatura, geralmente uma variação específica chamada Nissen, é o tratamento cirúrgico padrão para a DRGE. A parte alta do estômago é "engravatada" em torno do EIE para fortalecer o esfíncter e prevenir o refluxo de ácido e para reparar a hérnia de hiato. Nenhuma parte do estômago é cortada e retirada. 
Este procedimento pode ser realizado usando um laparoscópio e requer somente pequenas incisões no abdome. Para realizar a fundoplicatura os cirurgiões usam pequenos instrumentos que levam uma pequena câmara. A fundoplicatura laparoscópica tem sido usada de maneira segura e eficiente em pessoas de todas as idades, inclusive bebês. Quando realizada por cirurgiões experientes, o procedimento é tão bom quanto a cirurgia padrão (aberta). E mais, as pessoas podem deixar o hospital em 1 a 3 dias e retornar ao trabalho em 2 a 3 semanas. 

Algumas vezes a DRGE pode causar complicações sérias. A inflamação do esôfago pelo ácido do estômago causa sangramento ou úlceras. E mais, as cicatrizes da lesão tecidual podem estreitar o esôfago e tornar a deglutição difícil. Algumas pessoas desenvolvem esôfago de Barrett, onde as células da parede do esôfago tomam uma forma e cor anormal, o qual com o tempo podem levar ao câncer. 

Também, estudos mostram que a asma, tosse crônica e fibrose pulmonar podem ser agravados ou mesmo causados pela DRGE. 

Manter um peso saudável e fazer visitas frequentes ao médico é uma boa forma de prevenir não só a doença do refluxo gastroesofágico, como também outras doenças do trato digestivo. Evitar o fumo e o consumo excessivo de bebidas alcóolicas também pode ajudar a impedir a doença.

Orientação Nutricional para DRGE

 Evitar:

1. Alimentos Fritos e/ou com preparações gordurosas.

2. Alimentos Crus.

3. Doces Concentrados; doces em compotas, qualquer tipo de alimento que contenha açúcar; como bolos, tortas, balas, chocolates, geléias.

4. Bebidas Gasosas e Alcóolicas: Refrigerantes, Água, Cerveja.

5. Bebidas com Cafeína: Café (inclusive o descafeinado), chá preto, chá mate, guaraná natural.

6. Leite e Derivados em excesso. (> 2 porções no dia)

7. Condimentos: Mostarda, Catchup, pimenta, noz moscada, páprica, cravo da índia.

8. Alimentos industrializados: Sopas prontas, caldo de carne, galinha, legumes, bacon, molhos.

9. Líquidos em excesso durante as refeições. O ideal é beber apenas uma hora antes e uma hora depois.

10. Períodos de jejum ou excesso de alimentação.

11. Não dormir com o estômago muito cheio. Evite comer e deitar.

12. Evitar cigarros.

Preferir:

1. Proteína: carne, frango, peixe em preparações assadas, ensopadas ou grelhadas. E dê preferência a elas subdivididas, desfiadas, picadas, moídas.

2. Hortaliças: abóbora, aipim, cenoura, abobrinha, beterraba, batata, inhame, tomate sem pele.

3. Frutas: Banana, maçã, pêra, pêssego, damasco. De preferência a frutas cozidas.

4. Chás: Camomila, erva doce, erva cidreira, melissa, espinheira santa.

5. Gengibre

6. Leite: desnatado – derivados: Iogurte desnatado, ricota, requeijão light.

7. Evitar refogados. Preferir a gordura crua como Azeite extra virgem.

8. Mastigar bem os alimentos.

9. Fazer pequenas refeições várias vezes ao dia (6 refeições).

10. Leguminosas: Colocar o feijão em água fervente por 3 min e deixar de molho por 2 horas, desprezar a água, acrescentar nova água em temperatura ambiente por mais de 2 horas, escorrer novamente, acrescentar nova água e deixar de molho da noite para o dia, escorrer e cozinhar com louro, gengibre e alho com nova água por aprox. 75 a 90 min.

 

 

 

Por: Anna Carolina Accioly - Nutricionista 

 

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